Garimpo urbano

por Maria Eduarda Amorim

Durante esta semana, resolvi experimentar uma coisa nova: a culinária naturalista. Como estudante universitária, nunca tenho muito tempo para preparar minhas refeições, mesmo gostando muito de cozinhar. Então, na terça-feira, fui  a um restaurante que serve alimentos preparados com base em suas propriedades terapêuticas e me encantei.

A partir daí, comecei a procurar mais sobre como vivem as pessoas ligadas ao naturalismo e ao vegetarianismo e, entre muitas curiosidades, conheci um termo que me chamou muito a atenção: o freeganismo.

A palavra tem origem na junção de “free” com “vegan”, termos em inglês que significam, “grátis” e “veganismo”. Os adeptos deste movimento seguem o ideal dos veganos de não consumir nada de origem animal e ainda são contra o consumismo. Dessa forma, os freegans vivem em busca de alimentos saudáveis sem precisar pagar, utilizando o que é descartado por outras pessoas.

(Foto: Reprodução/Likecool)

(Foto: Reprodução/Likecool)

“The Bin Raiders” (“Os Ladrões dos Caixotes”) é um documentário estudantil idealizado e produzido pro Gabriel Hull entre 2009 e 2010. Os vídeos relatam o modo de vida dos freegans a partir do olhar de Gabriel, que resolveu viver como eles por cinco dias, e mostram como essa nova espécie de ativismo está se desenvolvendo no Reino Unido.

Os freegans se organizam em grupos para revirar as lixeiras alheias, mas tudo como muita técnica e sabendo dos riscos de contaminação. Eles aprendem a se alimentar sem precisar dos supermercados e a se curar sem fazer uso de remédios, utilizando seu  conhecimento com plantas e ervas. Além disso, há algumas técnicas para boicotar o consumismo: para escovar os dentes, por exemplo, os adeptos usam bicarbonato de sódio, algumas ervas e até casca de árvores.

(Foto: Reprodução/Likecool)

(Foto: Reprodução/Likecool)

Apesar de parecerem um pouco extremistas, os adeptos ao freeganismo têm a filosofia do não-desperdício em prol de um mundo mais sustentável. Entre os seus ideiais estão: o garimpo urbano (reutilizar o que está no lixo), o desemprego voluntário (trabalhar seria trocar a liberdade pela submissão ao modelo destruidor), o transporte ecológico, a coletivização e a volta ao natural (viver com o que a natureza oferece).

Segundo os próprios freegans no site freegan.info, “após anos tentando boicotar produtos de corporações responsáveis por violações dos direitos humanos, destruição ambiental e exploração de animais, muitos de nós percebemos que não importa o que comprarmos, de algum modo estaremos de alguma forma apoiando alguma empresa até pior. Percebemos que o problema não é só algumas empresas e corporações, mas todo o sistema econômico em si”. O freeganismo pode até ser um estilo de vida meio chocante, mas proporciona uma boa reflexão.

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